Na senda das tertúlias de antigamente, estes serão encontros informais, para conversarmos sobre livros e leituras, para lermos em voz alta, para ligarmos a literatura a outras artes. Enfim, para partilharmos emoções, palavras, experiências.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Palavras para contar Abril!

Ao ler o livro que foi tema do nosso último encontro, fiquei maravilhada com estas palavras de José Luís Peixoto, na crónica "Impossível é não viver". Considero-as perfeitas para desejar a todos um bom Dia da Liberdade:

" Se te quiserem convencer de que é impossível, diz-lhes que impossível é ficares calado, impossível é não teres voz. Temos direito a viver. Acreditamos nessa certeza com todas as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo. Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de um único passo do seu / nosso caminho.
Sabemos bem que é inútil resmungar contra o ecrã do telejornal. O vidro não responde. Por isso, temos outros planos. Temos voz, tantas vozes; temos rosto, tantos rostos. As ruas hão-de receber-nos, serão pequenas para nós. Sabemos formar marés, correntes. Sabemos também que nunca nos foi oferecido nada. Cada conquista foi ganha ao milímetro. Antes de estar à vista de toda a gente, prática e concreta, era sempre impossível, mas viver é acreditar. Temos direito à esperança. Esta vida pertence-nos."


                                                                              in Abraço, Quetzal Editores, 2011.

P.S. Estas palavras encontram-se também gravadas no exterior da Biblioteca Municipal de Sines, no âmbito da sua já habitual iniciativa denominada "Do Chão Brotam Palavras".

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