Na senda das tertúlias de antigamente, estes serão encontros informais, para conversarmos sobre livros e leituras, para lermos em voz alta, para ligarmos a literatura a outras artes. Enfim, para partilharmos emoções, palavras, experiências.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Resumo do encontro de hoje

Noite cheia de boas leituras e boas conversas: para além de Um Amor Feliz, de David Mourão-Ferreira, falámos também de:

Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco
Nem tudo começa com um beijo, de Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira, Oficina do Livro
O Amor o que é?, de José Jorge Letria e Catarina França, Ambar
A Melodia do Amor, de Lesley Pearse, ASA
Eu Espero, de Davide Calì e Serge Bloch, Bruaa
Oficina de Corações, de Arturo Abad e Gabriel Pacheco, OQO.

O nosso próximo encontro, totalmente dedicado à POESIA, terá lugar a 21 de Março. Contem desde já com muitas surpresas!

E porque amanhã está mesmo a chegar e o grande Zeca Afonso deixou-nos a 23 de Fevereiro de 1987 (há já 25 anos!), aqui fica Era um redondo vocábulo . Obrigada, Rangel, pela sugestão!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Amanhã há Quartas com Letras!


É já amanhã, às 20:30, mais um encontro das Quartas com Letras. Falaremos do livro Um Amor Feliz, de David Mourão-Ferreira.  
As leituras e as conversas, no entanto, não se limitarão a este livro e a este autor. Para quem não conseguiu ler o livro sugerido, propomos que tragam as vossas leituras actuais ou as vossas preferidas sobre a temática do Amor.  Contamos com a vossa participação! 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Faz-nos falta o grande Fernando Assis Pacheco


Faria hoje 75 anos. Porque nos faz tanta falta, sobretudo nestes tempos sombrios, não queremos deixar de lhe prestar homenagem relembrando:


O Poeta no Supermercado

I
Indignar-me é o meu signo diário.
Abrir janelas. Caminhar sobre espadas.
Parar a meio de uma página,
erguer-me da cadeira, indignar-me
é o meu signo diário.

Há países em que se espera
que o homem deixe crescer as patas
da frente, e coma erva, e leve
uma canga minhota como os bois.
E há os poetas que perdoam. Desliza
o mundo, sempre estão bem com ele.
Ou não se apercebem: tanta coisa
para olhar em tão pouco tempo,
a vida tão fugaz, e tanta morte...
Mas a comida esbarra contra os dentes,
digo-vos que um dia acabareis tremendo,
teimar, correr, suar, quebrar os vidros
(indignar-me) é o meu signo diário.

II
Um homem tem que viver.
e tu vê lá não te fiques
- um homem tem que viver
com um pé na Primavera.

Tem que viver
cheio de luz. Saber
um dia com uma saudade burra
dizer adeus a tudo isto.
Um homem (um barco) até ao fim da noite
cantará coisas, irá nadando
por dentro da sua alegria.

Cheio de luz - como um sol.
Beberá na boca da amada.
Fará um filho.
Versos.
Será assaltado pelo mundo.
Caminhará no meio dos desastres,
no meio de miostérios e imprecisões.
Engolirá fogo.

Palavra,
um homem tem que ser
prodigioso.
Porque é arriscado ser-se um homem.
É tão difícil, é
(com a precariedade de todos os nomes)
o começo apenas.

in A Musa Irregular, Asa, 1996.