Na senda das tertúlias de antigamente, estes serão encontros informais, para conversarmos sobre livros e leituras, para lermos em voz alta, para ligarmos a literatura a outras artes. Enfim, para partilharmos emoções, palavras, experiências.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Jorge Luis Borges a 28 de Maio

Seguindo os fios que a leitura do encontro de Abril deixou desatados, acompanhando referências e citações, tivemos vontade de (re)ler O Livro de Areia, de Borges.
 
 
 
 
Verdadeiro clássico, figura incontornável da literatura mundial, Borges influencia muitos dos escritores contemporâneos e atuais. Como afirma Alberto Manguel em entrevista à revista Ler de Novembro de 2012:
 
"Borges define a literatura antes e depois dele. A partir de Borges lê-se de outra maneira. É ele quem estabelece certos poderes dos leitores, que eram reconhecidos antes mas que ele define para nós. Inclusive esse: porque Borges num ensaio chamado Os Precursores de Kafka explica como cada escritor cria os seus próprios precursores. Quer dizer, lemos Kafka e de imediato autores com quem não tínhamos nada em comum passam a ter algo em comum por termos lido Kafka. O mesmo se poderá dizer do leitor: cada leitor cria a sua própria história da literatura."

Achámos que o melhor, para quem quer começar a ler Borges, seria partir dos seus contos. "O Outro",  conto que inicia O Livro de Areia, parece-me particularmente acertado para mergulhar na escrita e na atmosfera borgesiana. "Uma literatura na qual algo de impossível se introduz na realidade", usando ainda as palavras de Manguel. A ideia do "doppelgänger" atravessa a literatura desde os românticos até aos nossos dias, num labirinto tão caro a Borges, pela mão de autores como Dostoiévski (O duplo), Stevenson (Dr. Jekyll and Mr. Hide), Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray), ou, para citar autores portugueses, Saramago (O Homem Duplicado) e João Tordo (O Ano Sabático). Quantas leituras mais resultariam deste encontro?



O escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) afirmou:
"Sempre imaginei que o paraíso seria uma espécie de de biblioteca".

Relativamente aos livros, disse:
"De los diversos instrumentos del hombre, el más asombroso es, sin duda, el libro. Los demás son extensiones de su cuerpo. El microscopio, el telescopio, son extensiones de su vista; el teléfono es extensión de la voz; luego tenemos el arado y la espada, extensiones de su brazo. Pero el libro es otra cosa: el libro es una extensión de la memoria y de la imaginación."
Aqui o texto completo.

Para quem desejar aprofundar a biografia do autor, deixamos um documentário em inglês.

Sem comentários: