Iniciámos a sessão com a leitura deste texto de António Basanta Reyes, Diretor geral e vice-presidente executivo da Fundación Germán Sánchez Ruipérez, que aqui vos deixo (minha tradução, perdoem! Aqui, o original):
«LER JUNTOS (Janeiro
2013)
Já noutras ocasiões abordei o papel estruturante e
sociabilizador que o exercício da leitura possibilita e constrói. Pode parecer
paradoxal, pois o ato de ler costuma ser uma experiência individual, por vezes
solitária.
É certo que a leitura, para melhor ser desfrutada e
compreendida, requer a construção de um espaço de intimidade. De um certo
isolamento do que nos rodeia para que assim a comunicação entre quem lê e o que
é lido seja o mais intensa possível. E para que o que repousa inanimado no
texto, ou em qualquer outra expressão capaz de ser lida, ganhe prodigiosamente
vida, num sortilégio que requer a totalidade das nossas capacidades
intelectuais. Poucas outras atividades pressupõem um envolvimento pessoal maior
do que a leitura. Porém, esta ideia não anula, antes potencia outra qualidade
da leitura, aquela a que nos referíamos no início deste texto.
Quem lê, constrói comunidade. A que gera com quantos habitam
o que foi lido. A que se estabelece com géneros, temáticas e autores.
Mas também, e de que maneira, a que nos permite partilhar a
nossa experiência leitora com outros leitores. Algo que não só amplia
extraordinariamente o eco do que foi lido, mas que também, como tão bem provam
os estudos do prof. Emílio Sánchez Miguel, estabelece o hábito, consolida de
forma fidedigna e evidente a compreensão do que foi lido e gera laços de
identidade com todos os que tenham partilhado a travessia do ato de ler. Porque
a leitura, como a de Ulisses, é sempre uma viagem com regresso.
E penso tudo isto depois de ter vivido uma experiência
inesquecível: a reunião, há algumas semanas, na Casa del Lector, de centenas de
promotores e participantes de comunidades de leitores de toda a Espanha.
Pessoas que partilham uma paixão; à maneira orteguiana, uma missão. Cidadãos,
muitas vezes anónimos, verdadeiros protagonistas da construção cultural do
nosso país.
“Lemos para saber que não estamos sós”, disse um dia o
professor Clive Staples Lewis, autor das inesquecíveis Crónicas de Nárnia.
Um bom lema para definir a razão de ser, a finalidade das
comunidades de leitores.
E também da leitura em si mesma.»
Esta citação de C.S. Lewis acompanha-me desde a criação da primeira Comunidade de Leitores que dinamizei, em Janeiro de 2009. Guardo-a com muito carinho: é tão bom saber que lemos juntos! Obrigada a todos os que já passaram pelos nossos encontros!
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